segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Constelação

Vejo-te em meu fundo:
Sorrio, derreto, me afundo
No meu mundo de ilusão, você está
E percebi que dessa vez não me iludo.

Você veio como bomba de efeito moral.
Como pássaro, como anjo, como se voasse.
Me interceptou, cativou e me cutucou.
E parecia que, todos meus pensamentos, escutasse.

Então não fique se culpando
E nem desista de mim,
O meu amor está só começando.

Pra você, nem o céu é o limite.
Então entre no sistema e me busque.
E venha ver tudo aquilo que lhe permite.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Grito Submerso

Grito submerso 
Aquele que você solta com vontade 
Berra de rasgar a garganta 
Solta toda a energia de uma raiva 
De uma alegria, de uma mágoa, um estouro. 
Mas o grito acaba. 
O ar se vai. 
E você tem que sair da água. 
Não se respira água. 
Não se fica na água por muito tempo. 
O ar às vezes dói, mas você tem que respira-lo. 
Porque se ficares na água por muito tempo, e esqueceres do ar, 
Você fica na água para sempre, e da água não sai. 

O ar é a realidade. 
A água, ilusão. 

Viva a realidade por mais dolorida que seja, pois viver na ilusão é perigoso.



Fogo de Palha

Fogo de palha. 
Fogo de palha é veloz. 
Ele paga para ver, depois se apaga. 
O fogo gasta. Você cansa. 
A chama sobe e você se queima. 
Mas não enquanto a chama sobe. 
Você se queima depois. 
É com as cinzas. 
As cinzas te queimam como uma brasa jamais queimaria. 
As cinzas te sujam. 
Te escurece. 
Te bagunça. 
E você não sabe pra onde ir. 
E já não tem energia pra queimar. 
Não tem fogo pra acender nada. 
Fica lá. 
Só, triste, preto, gasto.




"A flor que trago hoje, é o pólen que respiro amanhã"
- Igor Dresjan -

Via tumblr: @NetWords

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Alíviquido


De uma jorrada no papel,
A literatura escorreu-se bela.
E dela, ao meu ver, corruptela.
Rasgando a folha ao léu.

O calor espirrado nas paralelas
Borra a tinta já impressa.
E o branco no branco, que nada se expressa,
Se transpassa fazendo-se aquarela.

Ferramental ofegante, encurva-se.
Liberto da apertura injusta
E após fricção exausta,
Finalmente derrama o fluido como se falasse.

E assim fez-se o poema.
Emoções escorridas em aparato branco.
Assim como higiene ao corpo,
E equilíbrio à alma.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Reconstrução

Alguma coisa que não é minha
Me faz acreditar nisso tudo.
E ao olhar para o futuro,
Vejo tudo o que eu tinha.

Tudo o que eu tinha
Faz de mim quem sou hoje.
E aquele poema... O nome me foge,
Mudou o modo no qual eu fazia.

Lendo a ordem das palavras
No papel, me fazia refletir.
E tudo o que fez-me sentir,
Foi o que mudou minhas caminhadas.

Foi sutil, simples, profundo.
Como um só poema transforma.
Às vezes, resistindo, o leitor se arma,
Mas depois cede e se joga no mundo.