quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Abstinência de você

Você vem amanhã de manhã?
Vem reanimar meu fim de semana?
Ja estou sentindo falta de você!
Tanto aqui quanto na cama.

Vem fazer uma carícia em mim
Como você fazia todas as tardes no sofá,
Ou aquele café que eu recebia na cama.
Eu não tenho dúvidas que você ainda me ama!

Deixa eu te amar novamente
E manter uma união alegre,
Ou criar nosso porto-seguro;
Assim como o solo acolhe a semente

Não aguento a solidão que me tortura.
Esse pedaço que foi tirado de mim.
Esse pilar que me sustentava.
Rezo para ter, de você, uma reação futura.

Espero que entenda o meu lado,
Se ponha em meu lugar e reflita;
E, se sentir-se mal por algum motivo,
Vai saber que você é minha vida.

E quando se tira a vida de alguém,
Esse alguém deixa de existir, de amar,
De pensar em você.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Química

Química,
Me carbonize
Ionizando meus
Pensamentos ácidos.

Me reduza
Na tentativa
De me fazer reagir
Com minh'alma elétrica.

Me oxida!
Me corroa!
E faça de mim uma
Isomeria ambulante.

Pensar x Depressão


(Um dia uma amiga me disse que pensar demais nos torna depressivos, e defensor caloroso da filosofia, decidi mostrar a ela que pensar não nos deixa depressivos)

Se pensar nos deixa depressivos, e a filosofia é a arte de pensar, não necessariamente a filosofia é a arte da depressão; pelo contrario: a filosofia exala uma magia libertadora e alegre, que nos faz humanos e racionais. Sendo assim, o pensar não nos deixa depressivos, quem faz isso somos nós mesmos.

Cão sem coleira

O cão, quando sai da coleira, não sabe o que fazer, nem o que sentir; mas a primeira impressão, ou até falsa vontade, seria sair correndo (sem rumo) e feliz, mas quando ele se da conta de que saiu de seu porto-seguro, mesmo que infeliz, o cão sai à procura de outra coleira; cabe a ele decidir o quão apertada a coleira poderá estar.

Quase sem saudade

A vontade que tenho de você,
Faz uma saudade carente de novela.
Que a historia rola e desenrola
E não vejo passando a hora.

Tua presença, ao meu ver,
Me transforma em um engano.
Faço-me facilmente de palhaço
Ficando louco para ganhar um amasso.

As horas teimando em passar
Me faz parar de raciocinar
E meus pensamentos se soltam no ar.

Junto a eles vai minha consciência.
Para completar, vai também a vontade de você,
Desaparecendo então minha sofrida carência.

Depressão

Todos os dias, quando acordo, vejo as mesmas coisas; os mesmos objetos sobre a prateleira; os mesmos livros, as mesmas fotos, os mesmos lápis dentro do mesmo copo.

Levanto da mesma cama, do mesmo travesseiro. Dou um passo no mesmo chão, nos mesmos tacos arrumados de forma desigual.

Saio do mesmo quarto com as mesmas paredes pintadas com a mesma cor desbotada e desanimada; passo pelo mesmo corredor com o mesmo piso frio e os mesmos quadros velhos na mesma parede também desbotada.

Chego na mesma cozinha; levo meu olhar cansado à mesma geladeira branca que está no final da mesma sequência de armários aparafusados na mesma parede branca, que agora exibe as mesmas manchas de gordura.

Ando com os mesmos passos arritmados e cansados por não fazer nada; chego na frente daquela mesma geladeira, elevo meus braços (que desde o nascimento são os mesmos) e abro a mesma porta da geladeira que faz os mesmos barulhos ranjedores.

Dentro têm as mesmas comidas; os mesmos queijos, os mesmos molhos, as mesmas carnes, as mesmas bebidas; os mesmos gostos, os mesmos cheiros e a mesma falta de apetite.

Fecho a mesma geladeira com a mesma dificuldade e esforço que usei para abri-la. Volto pelo mesmo caminho que fui para a mesma cozinha, passando pelo mesmo corredor, pelo mesmo quarto e, finalmente, à mesma cama em que eu estava.